Não há como esconder, teus lábios tremem enquanto falam comigo, ou é pelo desejo intenso de tocar aos meus, ou pelo esforço de não esboçar todo o teu sorriso. Teus olhos percorrem meu corpo e detectam meus detalhes, mas eu já previ os seus, teu estômago embrulha como num nó abrupto, tua boca seca, enquanto você tenta respirar num ritmo adequado, sem sucesso. Eu vejo florestas pluviais na íris dos teus olhos e nos teus íntimos desejos, cachoeiras abundando e distorcendo a lâmina dágua paulatinamente. Você pode até sentir o cheiro, a água se misturando à terra, aquele cheiro de clorophila quase tão denso quanto o seu pulmão. Teus livros de cabeceira, teu diário de bordo, teu copo meio vazio. Teu desejo de se sentir renascida em teu âmago, em teu desejo, em teu próprio seio. Observo tuas promessas diárias a ti mesma, teu suspiro no final de um dia cheio. Você não se incomoda com o rotineiro, mas teu desejo não é concreto, é abstrato. Mas nem por isso deixa de ser um fato, é algo inato, a sede insaciável do amanhã, do hoje, e do ontem.
Vita, mortem, impetus, cupio, omnia vincit.
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