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terça-feira, 4 de maio de 2010

Violentamente invulnerável, inviolável...

A forma como você deita ao ler um livro, o jeito que você o segura, e teus olhos perplexos nas páginas do livro, procurando e perseguindo cada letra, cada palavra, cada significado... e com sua mente atenta ao menor fragmento da história, como se estivesse refletida, ou fotografada, ou até mesmo revivida várias vezes como numa cena, uma pausa, teus olhos mudam de direção meio na diagonal, e aquilo acaba deixando uma súbita brecha em sua invulnerabilidade, você se torna vulnerável à uma imagem aleatória do ambiente, à um cheiro diferenciado, um beijo inesperado, mas apreciado, mas a brecha é tão súbita que se fecha no momento que alguém à percebe, e você acaba voltando ao seu lar mental, estática, novamente se tornando violentamente invulnerável, desapercebida, analisando novamente as imagens com exatidão, e criando um certo laço afetivo, com os personagens que você se identifica, e com os detalhes e minúcias que expressam algo que te agrada... te fazendo esboçar um leve sorriso expondo os dentes mais superficiais da boca, perfeitamente alinhados com teus lábios cor de vinho, que às vezes são meio claros, meio sépia, e juntamente com o sorriso uma pequena marca de expressão delicada, demonstrando concordância com todo o rosto... caracterizado à maneira em que você ajeita os cabelos, passando os dedos entre os fios para arrumar uma mecha, e usando três dedos para ajeitá - los atrás da orelha, e encurvando sutilmente a cabeça para frente, demonstrando interesse, agora sentada com os pés firmes no chão e os olhos presos nas letras, focada fielmente em seu universo paralelo, e você começa à respirar mais intensamente, enquanto isso, o alarme soa mas você nem o percebe, como se você não o ouvisse, como se o resto do mundo estivesse mudo, e só as páginas tivessem som... daí alguém chega, e te chama, e você acorda, mas ainda se levanta aspirando as páginas do livro, já sentindo uma estranha saudade dos personagens, aperta levemente o livro contra o seu peito, e a sua mente oscila em vulnerabilidade, juntamente com seu corpo e seus olhos completamente dispersos, e seu coração palpitando, no ritmo em que as palavras dos personagens soam em seu ouvido enquanto você dorme.

Um comentário:

Tales Santana disse...

Adorei, moço.

Pobre d'alma sem chão daqueles que fogem do mundo onde há mais tempo que ações.