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O trabalho Arte - Loucura de Jean E. Costa da Silva foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição - NãoComercial - SemDerivados 3.0 Não Adaptada.
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quinta-feira, 21 de junho de 2012

Quando chegar em casa me ligue.

Quando chegar em casa me ligue
pois eu quero acordar
Teu tom de voz "doce blasé"
antes de tirar os sapatos
E de tua roupa se livrar
     
Se esquecer de me ligar
siga a minha voz que chama
no mundo dos sonhos, da tua cama
bem distante da cidade em chamas
Estarei lá com você

No meu abrigo, a tua fuga
Nos lábios, promessa muda
Caverna em meio a floresta úmida
Com um lago cheio de tartarugas
Para o teu coração, acalmar
Uma fogueira na floresta pro teu fogo queimar

Meu dinheiro está contado
Comprei um relógio caro
E o rubi que eu te dei

Eu irei pra Ouro preto
Quero saber se vai também
Mas se não estar a meu lado
Eu irei com outro alguém.

domingo, 20 de maio de 2012

Que lua.

Um dia senti prazer
Outro dia senti nojo
Outro dia senti dor

Em outro não senti nada
Passei debaixo da escada
Observei a lua cheia

Degustando um copo dágua
Como jogando xadrex
Na tua colcha de retalhos

Fumando cigarro de palha
Usando chapéu de fina malha
Como se fosse um zé pilantra
Observando que peça jogar

Deixei de contar o que queria te contar
Por em tuas palavras a ti mesmo te enganar
Deixar-se fascinar pela negação sumária
Do amor tolo que não sabe nem falar

Conheço teu choro falho
E também tua fala fácil
Falaciosa sem querer
Sempre com alhos e bugalhos
E de repente mil desmaios

Os sábios entregas os dedos nos ouvidos
Os olhares baixos com medo do vazio
Ou o olhar fixo que suspira um assobio


Eu sei que tu tens, por mil desmaios
Em tuas mangas cicatrizes, divino ensaio
Que se joga ao chão como mar revoltoso

Confesso que nunca pude achar
Tudo aquilo que quisestes me mostrar
Demonstrando quanto é turvo o teu querer

Há tanto tempo que jogamos
Há tanto tempo que dançamos
Nossa dança de um corpo só

Na minha matemática não tem nó
Na soma não há dificuldade
Eu mais você formamos um só
E na teoria musical só tenho dó
De te ver querendo ser só

Infelizmente sinto que sozinho
Não posso desabar a casa que você deixou
Pra demolir, mas ainda fica a ver navios
Esperando que caia sozinha

Construir casa nova não dá
Se você, em mim não confiar
E nas palavras, deixar pra lá
Todo esse blá blá blá

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Pare de inalar.

Pare de inalar
tais substâncias que deixam o teu corpo velho
Pare de inalar
tais substâncias que deixam o teu corpo velho, e cansado
Pare de tragar, estas substâncias que te roubam o fôlego
Pare de tragar tais substâncias que tentam te roubar o fôlego, o ar

Que assaltam a beleza do teu corpo esbelto, ao luar
Que deteriora teus belos defeitos...
Já basta o vento que te toca a pele
e te procura sutilmente a te beijar

Pare, pare, por favor pare
te suplico que pare
deixar teu corpo tão divino se deteriorar
Já basta a fumaça da fogueira que é de nossos sonhos
para que o teu coração possa se esquentar

Já basta, já basta
Tudo aquilo que é vão passa
Mas o verdadeiro não há de passar

Pare, pare de inalar
Tais substâncias que inibem tua garganta
e não a permitem cantar
Teu canto pássaro

Teu canto pássaro, escasso
Em tons agudos, espaço
Em tons graves, sossego

Já basta, já basta
Já basta toda essa fumaça
Que ofusca o teu rosto
E que o deseja descascar
Que deteriora tuas doces trapaças

De um rosto assimétrico semi-linear
Que me faz desapegar do singelo sorriso
Singelo e estranho a mim como um guizo
Que de maneira estranha passa a me chamar

Deixa todo esse teu apego
Da solidão do vício, meu suplício
Te suplico assim que deixe o teu corpo falar
E o teu sorriso sorrir
E a teus olhos tristes, brilhar

Eu sei que teus pulmões são cortes
Mas não os fortalecerá se o deixar que o cortem
Assim, em vida não se pode se refugiar na morte
Devemos dominar a morte para a morte não nos dominar

Se deixar que o cortem
Que eles pensem por você
Que te digam o que fazer
Teu coração pode não suportar

Te suplico novamente, com ímpeto
Com minhas últimas palavras, em síntese
O ferro assim falava ao imã:
Odeio-te por ser tão forte
Mas não o bastante para me sujeitar.

Sou discreto.

Sou discreto.
Prefiro fazer as coisas na surdina, sem barulho.
Não sou muito de conversar de manhã,
prefiro fazer o café e conversar em silêncio
sentindo os passos na cozinha
como numa dança só minha
Até que a conversa flui.
Sou calmo, coço a cabeça
depois de uns bocejos então sorrio
Sinto prazer em sair de uma discussão calado,
sem dizer nada.
No olhar prefiro deixar hiatos,
dúvidas, incertezas,
sorrisos em lampejos
mas também firmeza e verdade,
Meu toque não mente
Meus olhos não fogem
Minhas mãos, são holofotes
Muitas vezes não sei mentir.
Sou discreto.
Sou assim.
E é por isso que gostam de mim.

Sobre a beleza.

A beleza das pessoas bonitas só é bela até que elas comecem a falar. Os belos, se não são realmente belos, se tornam feios a medida em que os conhecemos. Os feios, não realmente feios, se tornam eximiamente mais belos que os feios em disfarce de belos.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

O Diabo cruel.

sinto falta das partes baixas
das partes más
do diabo
que por pouco de mim não fez escravo
até onde pude me queixar

quase, me atingiu como uma peste
bulbônica, febril
roubando a mim, energia psíquica
que me deixou fraco, escasso
isento de chão, de tempo e espaço
como se fosse jovem senil

o ardor celeste me consumiu
que transformou o azul anil
das tranquilas tardes de sexta
em vermelho e branco imponente
escarlate triunfante

por pouco, meu coração escureceu
e como louco, um pouco
se ensorbeceu
se entorpeceu
desvaneceu
desfaleceu

ó, minha impiedosa
loucura dos desvarios
tu, que a mim prometeu
dos maiores e maravilhosos carinhos
deliciosos fascínios
fontes, banhos termais
ágoras minhas, e castiçais
frutas vermelhas, mel e vinho
e no teu seio, um ninho

mas em teu coração, ofereceu
o mais amargo dos féus
o inferno em disfarce de céu
castelo de cartas, coração de papel
uma coroa de espinhos
ardilosos caminhos

amei-te, diabo
amei-te
amei do amor cheio de enfeites
alegorias e falsos deleites
foi tudo vão, tudo não
pois no fim, domei-te
e voltaste a mim como um cão

verdadeiramente, perdoei-te
pois não guardo mágoa em meu coração
e nem sinto que deveria
pois só quando nós dois nos sabíamos
foi maior o querer que o dever
e eu não sabia dizer não

se desejardes, tem em mim ombro amigo
esquecendo-se tudo que foi
não se nega orientação a quem está perdido
mais saiba, que nada fique ambíguo
o que se passou, passou
e nunca houve um verdadeiro amor

torna-se mínimo, inadmirável
todos os atos que já foram feitos
não foram mais do que obrigação
o bem não é bom sem ser forte
não necessita de holofotes
e nem de justa indignação

o amor, em si, transcende
qualquer valor material
e tudo aquilo que é vão e banal
devem vir, não como principal
mas sim em forma de gratidão

a doença começa na mente
uma casa constrói-se no chão
e a quem deseja ser lâmpada
a luz do universo ascende
e até o diabo tem perdão


Veja também: Puta Louca

sábado, 21 de abril de 2012

Potencialize-se.

Potencialize-se
sofra voluntariamente
dialogue habilmente
cale-se humildemente
beije ardorosamente
ouça atentamente
ame intensamente
ria indefinidamente
como criança inocente
chore de felicidade
abrace como se fosse o fim
e o fim fosse um novo começo.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Debaixo dos panos

Debaixo dos panos
Sabores profanos
Nefastos, excessos
Prazeres mundanos

Na solidão do mar oceano
Em súbito, Te amo
Por um momento sou Teu Súdito
Por outro, Teu Amo

Não há lobos nem cordeiros
Nesse jogo de máscaras,
Do desejo alheio, feio
Belo, esbelto, e trapaceiro

Há apenas pedras, e beijos
Abraços e desejos
Escuridão em lampejos

Que graça tem, entrar nas pernas
Digo, nas pétalas... de flores
Do campo... de cores
Desejos, ardores
Que todo mundo já entrou

Guarda-se o mistério
Finjamos, sincero e sério
Não guardemos vitupério
Mas lembremos do calor

Guardo agora a tua dor
Em meu corpo o teu calor
Em meu bolso, teu telefone
No meu caderno, teu nome

Um abraço, bem distante
De ti, nada ressinto
Só sinto um pouco de pena
De te ver um pouco só

Mesmo que não diga nada
Quando te vejo, por perto
Em meu olhar, expresso
Todo carinho e cuidado
Pelo mais belo violino quebrado

Que eu não pude concertar
Mas que tenho toda a certeza
Que outro alguém o fará...

E que sempre me lembrarei
Mesmo amor, sendo teu "ex"
Que um dia você foi
Meu violino de Turim

quarta-feira, 4 de abril de 2012

quinta-feira, 29 de março de 2012

O Casamento do Céu e do Inferno.

As pessoas não entendem, nem nunca vão entender, até que um dia entendam. Pois o inferno é um estado de espírito, onde tudo passa devagar, o céu quando se conhece, se pensa: Estava aqui tão perto, como nunca cheguei lá?

quinta-feira, 22 de março de 2012

Deus e o amor romântico...


O amor romântico é como Deus. Em toda sua infinita bondade, beleza e fervor. Por sua criação e por muitas dádivas. São espelhos um do outro. Amam incondicionalmente, perdoam e se dão por inteiro. Enche-nos de uma infinita paz e tranqüilidade, assim como nos deixam em constante pensar. Como exalta! Como engrandece! Quão belo é! Quão louco! Divinos e puros! Únicos e fiéis!

Ai...
O amor romântico e Deus... São uma ilusão.


Ave, espíritos livres! http://ecolalias.blogspot.com.br/ 

segunda-feira, 5 de março de 2012

SIMULTANEIDADE

- Eu amo o mundo! Eu detesto o mundo! Eu creio em Deus! Deus é um absurdo! Eu vou me matar! Eu quero viver!
- Você é louco?
- Não, sou poeta.




- Quintana.

sábado, 17 de dezembro de 2011

Poesia.

Eu acho que o mundo parou,
desde o dia em que nasci.
Anda mundo, caminha,
reza a tua ladainha.
Sou criança e quero viver,
os jovens não podem morrer!
Oh! Mundo sofrido!
Oh! Mundo oprimido!
Oh! Mundo danado!
Parece que roda parado!





 - Glória Pires, aos 5 anos.

sábado, 10 de dezembro de 2011

Trote.


No colo nu da madrugada. No seio do povo.
Não tenho receio de bala de prata.
Nem dos holofotes que despem meus olhos,
cegos, às quatro e vinte e cinco da manhã.

Não meço o temor dos lábios salgados,
Nem do suor que escorre pelo corpo, pelo rosto
dos olhos dispersos e dos batimentos apressados.

Nada é palpável ou tem substancialidade,
Entre as entre-linhas, há linhas...
Expessas, submersas em álcool.

O pensamento se afoga e ao mesmo tempo flutua.
Agonizando entre o bardo e o frade.
Já não me importam os frutos, nem a sujeira da rua.
Só os malditos pássaros que bicam meus tímpanos.

Será um sonho? Diz o eu-lírico.
A consciencia responde; Não, fez mais do que isso.
Interrompida por soluços e risadas.

Não há lugar para doença, apenas para saudade.
Não há lugar para culpa, nem para arrependimento.
Caracteristicamente amoral, estritamente isento.

Não hei de dançar novamente aos pés do morto.
Para metaforizar a irrelevância do corpo,
e exaltar os preceitos da metafísica, por gosto.

Há de se tirar os cabrestos do cavalo.
É melhor deixar que decidam se querem ser
puros-sangues árabes ou mustangues bravos.

No desejo duplo há um aspecto espectral
Como a estátua de Schopenhauer;
que por um lado, vê-se bela, estonteante
mas que ao ajeitar melhor o corpo, observa-se horrenda.
No imaginário o belerofonte subjuga a quimera.

domingo, 11 de setembro de 2011

O Mágico.

Eu sei que você quer, me ver correr atrás...
Falar com você, só pra desfrutar do prazer, de me ignorar.
O troféu recém forjado, ao qual você pode declinar.
Alimenta teu ego, faz-te pulsar a mil.
Te faz sentir assim, desejada, mais que as outras.
Por ter declinado o tal presente refinado.
Que escondia numa mão atrás das minhas costas.

Sendo que você não sabe o que tenho.
Na outra manga, a carta que detenho.
Não sabe de onde vim, nem do jeito que venho.

A um, estalar de dedos, não necessitarei tanto me aproximar.
Pois enquanto você vem, eu prefiro me afastar.
E enquanto você vai, eu te puxo, te agarro forte, e te dou um beijo.
E te marco assim, como uma faca quente, derretendo o queijo.
Nem me faço necessitar, dizer o quão apaixonado.

E enquanto me faz juras de amor, eu saio da cama à francesa.
Visto meu sapato, a camisa de botão, a calça de você escondeu.
Talvez inconscientemente, com medo de me perder.
E antes de sair pela porta, pego o celular à mesa.
No meio da noite.

Para que, frequentar a ti?
Se não levo os meus açoites?