À aquilo que ela tem sede

Para aquilo que tu tens tanto medo
Tu cerras teus braços, em tua defesa
E depois não acha lugar
Para por as mãos
Tu olhas pra baixo, catatônica
Hipnotizada por algo
Cruza teus pés, fecha tuas pernas úmidas
Segura teu punho, e passa a respirar
Mais profundamente
Como se tivesse a ânsia
De algo grande acontecer
Teu peito bate forte, teu coração
Quase sem ritmo definido
Você se sente como se estivesse
Num avião prestes à cair
Perdendo a pressurização
Mergulhando a cada instante
Quilômetros mais perto do chão
Há algo que te repuxa por dentro
Talvez a repressão
De um sentimento
Que te preenche num momento tão vão
É como se tu desse à luz a um filho
Que se chama amor
Tem por sobrenome, paixão
E com o pseudônimo de fome
Das noites infames
Das noites sem sono
Sem sossego, nem arrego
O pensamento quase se materializa em ti
O teu suspiro suspira todo o teu desejo
Os teus lábios quase sentem meus beijos
A música acaba, você se sente aliviada
Depois de tanta angústia e tensão
Te vejo, desnuda
Por um momento, muda
Tão muda que posso ouvir
Todo ar que entra e sai dos seus pulmões
Totalmente sem roupa
Tua mente, despida
Sem nem chance para se esconder
A música, acabou
Porém ela ainda fala de você
E te toca profundamente, nas tuas entranhas
E tocará até que tudo vire poeira
(À moça de vestido vermelho)
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