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sexta-feira, 25 de junho de 2010

Desejo.

"Seres humanos são criaturas de Desejo.
Eles se torcem e dobram como eu exijo."

 Só há uma coisa pra se ver no reino
crepuscular de 
Desejo. É o que se chama limiar, a fortaleza do Desejo.
Desejo sempre morou no limite.

O limiar é maior do que podemos imaginar.
É uma 
estátua de Desejo,
ele ou ela própria.
(Desejo nunca se satisfez com um
único sexo. Ou apenas uma de qualquer
coisa... Exceto, talvez, o próprio limiar.)
O limiar é um 
retrato do Desejo,
completo em todos os detalhes, erguido,
a partir de seus caprichos, com sangue,
carne, osso e pele. E, como toda
verdadeira cidadela desde o início dos
tempos, o limiar é habitado. O lugar só
tem um ocupante neste momento.
Desejo dos Perpétuos.

O limiar é grande demais para apenas
uma pessoa. Contém dois tímpanos maiores
que uma dúzia de salões de baile. E veias
vazias e ressonantes como túneis.
É possível andar nelas até envelhecer e
morrer sem passar novamente pelo
mesmo lugar. Entretanto, dado o
temperamento de Desejo,
só há um lugar em toda a catedral de
seu corpo que lhe serve como lar.
Desejo mora no coração.
É improvável que qualquer retrato
consiga fazer jus a 
Desejo,
pois vê-la (ou vê-lo)
seria o mesmo que amá-lo
(ou amá-la) - apaixonadamente,
dolorosamente, até a
exclusão de tudo o mais.
Desejo exala um perfume
quase subliminar de pêssegos
no verão e projeta
duas sombras: uma negra
e de nítidos contornos; a outra
sempre ondulante,
como neblina no calor.
Desejo sorri em breves lampejos,
da mesma forma que o brilho
do Sol reluz no gume de uma
faca. E há muito, muito mais do gume
de uma faca na essência de 
Desejo.

Jamais a(o) possuída(o), sempre
o(a) possuidor(a), com pele
tão pálida quanto fumaça,
e olhos aguçados como vinho.
Desejo é tudo o que você sempre quis.

Quem quer que seja você.
O que quer que seja você.
 

Tudo.

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